sexta-feira, 6 de abril de 2018

"UDN vermelha" ou música do Paralamas?


Lula não é, nunca foi socialista, tampouco liderou qualquer projeto político semelhante. O "baixo reformismo" que comandou era um mero projeto de poder que buscava hegemonia numa composição que só poderia dar no que deu. Reformismo intenso no Brasil ou termina em suicídio (Vargas) ou em golpe (Jango).  Nem Vargas nem Jango, embora líderes de origem burguesa, ao contrário de Lula, não se associaram de maneira corrupta à "plutocracia oligárquica, bajulada pela classe média branca". Nem Vargas nem Jango associaram-se a empreiteiros nem a fundos de pensão corporativos. Lula paga o preço por ter sido útil ao capital. Como li ontem, em algum lugar, "preso político sempre foi aquele que ameaçava a ordem burguesa, não quem dela se beneficiou."
E o pior: o que era um projeto de hegemonia, agora virará uma questão de sobrevivência pessoal. Lula preso, ainda que por poucos dias ( há mecanismos jurídicos que conseguirão mantê-lo em liberdade, para não falar das ADCs que, mais cedo ou mais tarde, serão julgadas pelo STF), será, irresponsavelmente, cada vez mais o candidato do PT. Temo pela polarização violenta que viveremos. Pela primeira vez, caso isso ocorra, temo também pela ruptura do inédito período de amadurecimento institucional de 30 anos que vivemos em nossa história.
Um dado histórico muito importante, agora oportunamente esquecido: o PT, com Lula à frente, foi o campeão fiscal da moralidade que muitos hoje consideram hipócrita, demonstrando que, ao contrário do senso comum, o que temos é uma história saturada de memória, quase sempre, conveniente. Tanto que chegou a ser chamado de "UDN vermelha". Isso cobra um preço.
Não se esqueçam da música que o Paralamas fez a partir do que o Lula classificou o Congresso: um bando de picaretas e ladrões.


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